
É necessário a desconstrução do velho para a construção do novo; porque é assim que avançamos e ultrapassamos os nossos limites!
O Blog da Míriam Raquel
1 | Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém. | |
2 | Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade. | |
3 | Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? | |
4 | Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. | |
5 | Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu. | |
6 | O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. | |
7 | Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr. | |
8 | Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. | |
9 | O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. | |
10 | Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós. | |
11 | Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois. | |
12 | Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. | |
13 | E apliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar. | |
14 | Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito. | |
15 | Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular. | |
16 | Falei eu com o meu coração, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento. | |
17 | E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito. | |
18 | Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor. |
Carta de despedida...
Como outros já fizeram, quero também me despedir do trema, cuja morte foi anunciada por decreto a partir de 1º de janeiro.
Não uma, mas cinqüenta e cinco vezes quero me despedir desta acentuação antiqüíssima e usada com tanta freqüência. Fomos argüídos a respeito?
Claro que não! A ambigüidade que tínhamos para decidir se queríamos usar o trema ou não numa frase nos foi seqüestrada para sempre. Afinal, a ubiqüidade do trema nunca nos foi exigida.
Quem deve se beneficiar com esta tão inconseqüente medida? Creio que tão somente os alcagüetes, os delinqüentes e os sangüinários, justamente aqueles que não estão eqüidistantes, como nós, dos valores eqüiláteros da Sociedade.
Vocês já se argüiram sobre as conseqüências do fim do trema para os pingüins, os sagüis e os eqüestres? Estes perderão uma identidade conquistada desde a antigüidade.
E o que dizer do nosso herói Anhangüera, que vivia tranqüilo com o seu nome indígena? Com a liqüidação do trema, a pronúncia do seu nome não será mais exeqüível.
Os nossos papos de chopp nunca mais serão os mesmos, pois a tão freqüente lingüicinha acebolada vai desagüar num sangüíneo esquecimento.
O que vai acontecer com o grão de bico com gergilim, agora sem o liqüidificador para prepará-lo?
Ah, meu Deus! Tenha piedade de nós! Nunca mais poderemos escrever que "a última enxagüada é a que fica"!
Não sei se vou agüentar a perda da eloqüência, em termos de estilo literário, que o trema trazia à Última Flor do Lácio.
É preciso que averigüemos se haverá seqüelas futuras! E para onde vai a grandiloqüência dos lingüistas?
Haja ungüento para suportar tamanha dor!
O que podemos esperar em seqüência? Será que não se poderia esperar mais um qüinqüênio para que fossem melhor avaliados os líqüidos benefícios desta mudança?
Portanto, pela qüinqüagésima vez, a minha voz exangüe se une à dos bilíngües e trilíngües como eu, cuja consangüinidade lingüística e contigüidade sintática se revolta ante tamanha iniqüidade.
Pedir que nos apazigüemos, para mim é inexeqüível, pois falta-nos tranqüilidade diante de tamanha delinqüência gramatical.
Portanto é com dor no coração que lhe dou este meu adeus desmilingüido.
Adeus, meu trema querido! Mas pelo menos uma coisa me apazigüa, pois quando a saudade bater, sei que vou poder revê-lo quando estiver lendo alguma coisa em alemão.
Como disse uma vez Boris Casoy: O famigerado horário de verão brasileiro em sua 38ª edição teve início à 0 hora do dia 19 de outubro de 2008 e só terminará às 24 horas do dia 15 de fevereiro de 2009.
Eu não aguento mais! Estou cansada, desgastada... Quero dormi mais. Preciso dormir mais.
Conto os dias e as horas para ver esse horário imprestável terminar!