domingo, 3 de junho de 2012

CHÃO DE GIZ - SÓ ENTENDE QUEM CONHECE O CONTEXTO DA LETRA

Gosto muito das musicas do Zé Ramalho... A voz diferenciada, o tom forte, as letras cheias de mistérios e interpretações bem particulares.  
Hoje ouvindo Chão de Giz cheguei a seguinte conclusão: ou eu sou muito idiota ou o Zé Ramalho é idiota e escreve letras sem nexo ou é muito,  muito inteligente. Tão inteligente que o que ele escreve, só um grupo bem seleto de pessoas cultas conseguem entender.  Nessa “noia” fiz o que todo idiota faz (risos), fui pesquisar a letra na internet.
Graças a Deus! Sim, graças a Deus,  não sou só eu a alienada ou idiota não. Muitos internautas dizem não entender a letra também. Bom, me senti um pouco mais “normal”. E, para meu alívio, existe a interpretação da letra também na net. Bom demais, não?
Você deve também estar desejando conhecer essa maravilhosa interpretação... Não, você não precisa mais pesquisar, os seus problemas acabaram, postei-a  aqui mesmo, neste bloguinho.
É claro que  depois de entender o contexto da musica eu fiquei impressionadíssima com a charada de Zé Ramalho. O cara é demais. Veja o vídeo e leia a interpretação.




ZÉ RAMALHO – CHAO DE GIZ  (INTERPRETAÇÃO DA LETRA)
O Zé teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.
Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, só que ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida por um "garoto pé rapado" que ela apenas "usava" para transar gostoso.
Assim, o caso, que tomava proporções grandes, foi terminado. o Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs a canção. Conhecendo a história, você consegue perceber a explicação para cada frase da música.

"Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz"
Um de seus hábitos, no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz também indica a fugacidade do relacionamento, facilmente apagável (mas não para ele…)
"Há meros devaneios tolos a me torturar"
Devaneios, viagens, a lembrança dela a torturá-lo.
"Fotografias recortadas de jornais de folhas… amiúde"
Outro hábito seu era recortar e admirar TODAS as fotos dela que saiam nos jornais – lembre-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais.
"Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"
Pano de guardar confetes são aqueles balaios ou sacos típico das costureiras do nordeste, onde elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui, ele diz que vai jogar as fotos dela fora num pano de guardar confetes, para não mais ficar olhando-as.
"Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir"
Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil pois ela é casada com o tal figurão rico (o Grão Vizir)
"Há tantas violetas velhas sem um colibri"
Aqui ele pega pesado com ela… há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (jovem pássaro que a admire). Aqui ele tenta novamente convencê-la simbolicamente, destacando a sorte dela – violeta velha – poder ter um colibri, e rejeitá-lo.
" Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de Vênus"
Bem, aqui é a clara dualidade do sentimento dele. Ao mesmo tempo em que quer usar uma camisa de força, para manter-se distante dela e não sofrer mais, queria também usar uma camisa de Vênus, para transar com ela.
"Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro"
Novamente ele invoca a fugacidade do amor dela por ele, que o queria apenas para "gozar o tempo de um cigarro". Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempo de se fumar um cigarro (também representativo como o sexo, pois é hábito se fumar um cigarro após o mesmo).
"Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom"
Para que beijá-la, "gastando o seu batom" (o seu amor), se ela quer apenas o sexo?
"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez"
Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é inútil tentar. Mas, apaixonado como está, vai novamente "à lona" – expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas que também significa a lona do caminhão com o qual ele foi embora – lembre-se que ele teve que se mudar de sua residência para "fugir" desse amor doentio
"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar"
Auto-explicativo, né?! Esse amor que, para sempre, irá acorrentá-lo, amor inesquecível.
"Meus vinte anos de boy, "that’s over, baby" , Freud explica"
Ele era bem mais novo que ela. Ele era um boy, ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (complexo de Édipo, talvez?). Em todo caso, "that´s over, baby", ou seja, está tudo acabado.
"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro"
Ele não vai se sujar transando apenas mais uma vez com ela, sabendo que nunca passará disso.
"Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval"
Lembrem-se, eles se conheceram num carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que ele iria jogar num pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que agora já passou seu carnaval, ou seja, terminou, passou o momento.
"E isso explica porque o sexo é assunto popular"
Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela (ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois só ele é valorizado – uma constatação amarga para ele, nesse caso. Há quem veja também aqui uma referência do sexo a ela através do termo "popular", que se referiria ao jornal (populares), e ela sempre estava nos jornais, ele sempre a via neles.
"No mais estou indo embora"
Bem, aqui é o fechamento. Após sofrer tanto e depois desabafar, dizendo tudo que pensa a ela na canção, só resta-lhe ir embora.

É isso. 
Encontrei neste endereço: http://jotapeah.wordpress.com/2011/08/06/cho-de-giz-interpretao/

2 comentários:

Anônimo disse...

Eita! O cara sabe usar as palavras demais. Gostei mt!
Será q tem uma explicação tão boa qt essa pra música dos galhos secos? rsrsr (não é Rio Grande do Sul).
T.

Proprietária do Armazém disse...

Pois é. Gostaria muito de ouvir uma explicação semelhante do compositor. Vc sabe que ha anos essa musica dos galhos secos me intriga, né?
Que bom que vc gostou.
Agora a gente tem que rir no Estado certo. kkkk